Gasoduto GASBOL

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O Gasoduto GASBOL, também conhecido como o Gasoduto Bolívia–Brasil, é um gasoduto em operação na Bolívia e no Brasil.

Localização

O gasoduto vai de Río Grande, no departamento de Santa Cruz, Bolívia, a Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, sudeste do Brasil, passando pelos estados brasileiros de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

As estações de compressão ao longo da rota do gasoduto na Bolívia estão em Izozog, Chiquitos, Roboré e Yacuses, Bolívia, enquanto no Brasil elas estão em Corumbá, Miranda, Anastácio, Campo Grande, Ribas do Rio Pardo, Três Lagoas, Mirandópolis, Penápolis, Iacanga, São Carlos, Paulínia, Capão Bonito, Araucária, Biguaçu e Siderópolis. Em Paulínia, um ramal do gasoduto segue na direção leste até a estação de medição de Guararema.[1]

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Detalhes do projeto

  • Operadora: Gas Transboliviano S.A. (GTB), Transportadora Brasileira Gasoduto Bolivia-Brazil S.A. (TBG)[2][3]
  • Empresa(s) controladora(s): Petrobras (51%), Fluxys Belgium NV (37%), YPFB Transporte do Brasil (12%)[2]
  • Capacidade: 11 bilhões de metros cúbicos por ano (30,08 MMm3/dia)[4]
  • Comprimento: 3.150 km[4]
  • Diâmetro: 16, 18, 20, 24, 32 polegadas[5]
  • Situação: Em operação
  • Ano de início: 1999[6]

Histórico

O gasoduto Bolívia-Brasil (GASBOL) é o maior gasoduto de gás natural da América do Sul em extensão. O gasoduto mede 3.150 km (1.960 mi.) e conecta as fontes de gás da Bolívia com as regiões sudeste do Brasil.[7]

Descrição técnica

O gasoduto foi construído em duas etapas. O primeiro trecho longo de 1.418 km (881 mi.) de comprimento, com um diâmetro variando de 610 mm a 810 mm (24 pol. a 32 pol.), começou a operar em junho de 1999. A seção dentro do território boliviano dessa etapa inicial, com 557 km (346 mi.) se estende de Río Grande (40 km ao sul de Santa Cruz de la Sierra) a Mutún, perto da fronteira boliviano-brasileira.[8] Após cruzar a fronteira entre Puerto Suárez e Corumbá (Mato Grosso do Sul), ele continua na direção do leste, passando por Campinas no estado de São Paulo até Guararema, onde se conecta com a rede brasileira. O segundo trecho com 1.165 km (724 mi.) de extensão e com diâmetro variando de 410 mm a 610 mm (16 pol. a 24 pol.), conectando Campinas a Canoas, próximo a Porto Alegre no Rio Grande do Sul, foi concluído em março de 2000.[9]

A capacidade máxima do gasoduto é de 11 bilhões de pés cúbicos por ano de gás natural. O custo total do gasoduto foi de US$ 2,15 bilhões, dos quais US$ 1,72 bilhão foram gastos no trecho brasileiro e US$ 435 milhões no trecho boliviano.[10]

Vencimento do contrato original

O contrato original da TBG para o gasoduto, de 20 anos e que foi assinado em 1999, teve sua data de vencimento fixada em 31 de dezembro de 2019. No contrato estava estabelecido o fornecimento máximo de 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, sendo 80% (24 milhões de metros cúbicos por dia) fornecidos na modalidade “take or pay”. De acordo com informações fornecidas pela Petrobras em fevereiro de 2017, os níveis de gás natural transportado pelo gasoduto caíram 45% abaixo da capacidade máxima devido à demanda enfraquecida, associada à crise econômica do Brasil. A queda na demanda, combinada com outros acontecimentos mais recentes (por exemplo, as iniciativas brasileiras voltadas para o aumento da autossuficiência energética, a diminuição das reservas de gás natural da Bolívia) têm gerado questões quanto à renovação do contrato atual em seu vencimento (em 2019). O governo brasileiro anunciou que buscaria compradores alternativos para o gás transportado pelo gasoduto caso a Petrobras não renovasse o contrato nos níveis atuais. Em dezembro de 2018, uma licitação para um novo contrato foi adiada,[11] e uma licitação em junho de 2019 também foi adiada.[12]

Extensões e modificações no contrato - 2020 e datas posteriores

O contrato original foi prorrogado por 70 dias em dezembro de 2019. A Bolívia concordou em continuar fornecendo até 19,25 milhões de metros cúbicos (MCM) de gás por dia para a Petrobras do Brasil até 10 de março de 2020.[13] O contrato foi novamente prorrogado em março de 2020. De acordo com os termos da nova extensão do contrato, a empresa nacional de petróleo e gás da Bolívia, YPFB, fornecerá à Petrobras de 14 a 20 milhões de MCM por dia até que a Petrobras tenha usado toda a cota restante de gás contratada em 1999, mas nunca usada durante o contrato original de 20 anos período. A extensão do contrato expirará o mais tardar em 2026. O Brasil estima que levará de quatro a seis anos para esgotar sua cota contratada restante de gás.[14]

Com a redução das importações máximas da Petrobras pelo gasoduto, de 30 MCM por dia para 20 MCM por dia, agora há espaço para outras empresas brasileiras importar gás boliviano pelo gasoduto Gasbol.[14] O governo brasileiro confirmou que permitirá à YPFB vender gás para usuários finais brasileiros que não sejam a Petrobras a partir de 2020[15]. O volume vendido a clientes novos no estado do Rio Grande do Sul deve triplicar entre 2020 e 2022, crescendo de 1,2 para 3,6 MCM por dia.[16]

Operadora

O gasoduto é operado pela Gas Transboliviano S. A. (GTB) e Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S. A. (TBG). A TBG, que supervisiona as operações do gasoduto no Brasil, é propriedade conjunta da Petrobras (51%), Fluxys Belgium NV (37%), e YPFB Transporte do Brasil (12%).[2]

Mudança de propriedade

Em dezembro de 2020, a Petrobras anunciou que iria vender sua participação de 51% no gasoduto Gasbol.[17][18] Em janeiro de 2021, a EIG Energy Partners vendeu sua participação existente no gasoduto para a Fluxys Belgium NV com o motivo de contornar os obstáculos regulatórios e liberar-se para licitar a participação maior da Petrobras.[3] Em março de 2021, a Fluxys aumentou sua participação no gasoduto para 33% com a aquisição de ativos da Total Gas & Power Brazil.[2] Em maio de 2021, um consórcio formado por EIG, Fluxys e Enbridge fez uma oferta não vinculativa pela participação da Petrobras no gasoduto.[19][20]

Em agosto de 2021, a Reuters informou que EIG Global Energy Partners havia feito uma oferta separada e vinculativa no valor de várias centenas de milhões de dólares para adquirir a participação majoritária da Petrobras no gasoduto.[18] Em março de 2022, a Petrobras confirmou que a EIG Global Energy Partners havia feito uma oferta vinculativa, observando que eram necessárias mais negociações antes que qualquer transferência de propriedade pudesse ocorrer. O preço de venda da participação da Petrobras no gasoduto era estimado entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão.[21][22]

Artigos e recursos

Referências

  1. "O GASBOL: Traçado do Gasoduto Bolívia-Brasil". TBG. Retrieved August 20, 2020.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  2. 2.0 2.1 2.2 2.3 "Total pulls out of Bolivia-Brazil pipeline s..." BNamericas.com. March 17, 2021.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  3. 3.0 3.1 "EIG sells stake in Brazil-Bolivia pipeline, eyes Petrobras assets". Reuters. January 5, 2021.
  4. 4.0 4.1 "Informações Técnicas do Gasoduto". TBG. Retrieved 2022-08-04.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  5. "Características Físicas do Transporte de Gás Natural, por Empresa e Gasoduto". Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT. 2004.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  6. "Plano Decenal de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário – PEMAT 2013-2022 (pp 11-12)" (PDF). Ministério de Minas e Energia do Brasil. March 5, 2013.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  7. Project Closing Report, Natural Gas Centre of Excellence Project (Projeto do Centro de Excelência de Gás Natural), 20 de março de 2005, arquivado na Wayback Machine, acessado em fevereiro de 2018
  8. "El Gasoducto Bolivia-Brasil", Site da empresa Gas Transboliviano, acessado em março de 2018.
  9. Mares, David R (May 2004). "Natural Gas Pipelines in the Southern Cone" (PDF). CESP Program on Energy and Sustainable Development / Baker Institute for Public Policy Energy Forum.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  10. South American Gas. Daring to Tap the Bounty (PDF). International Energy Agency. 2003. ISBN 92-64-19663-3. Retrieved 2007-05-12.
  11. Brazil oil regulator says Gasbol pipeline tender delayed, Reuters, 11 de dezembro de 2018
  12. Brazil postpones tender to contract Gasbol pipeline capacity, BN Americas, 11 de junho de 2019
  13. "Bolivia's YPFB strikes transition deal with Petrobras to extend natural gas exports". Reuters. December 28, 2019.
  14. 14.0 14.1 "Petrobras diz que precisará de até 6 anos para consumir gás contratado em aditivo". Valor Econômico. March 6, 2020.
  15. "Bolivia cleared to sell gas to end-users in Brazil". Argus Media. January 13, 2020.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  16. "Brazil Clears Bolivian Gas Company Use Pipeline". Pipeline & Gas Journal. January 10, 2020.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  17. "Petrobras vai vender sua participação no gasoduto Brasil-Bolívia". O Petróleo. December 28, 2020.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  18. 18.0 18.1 "EIG Global Energy Partners submits offer for Petrobras pipelines in Brazil, source says". Reuters. August 25, 2021.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  19. "Enbridge, Fluxys, EIG bid for Brazil's top natgas import pipeline, sources say". Reuters. May 21, 2021.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  20. "Petrobras recebe ofertas por fatia em gasoduto, dizem fontes". Forbes Brasil. May 21, 2021.{{cite web}}: CS1 maint: url-status (link)
  21. "Petrobras inicia negociaciones con EIG para vender su gasoducto Bolivia-Brasil". AméricaEconomía. March 16, 2022.
  22. "EXCLUSIVE Petrobras and EIG near deal for Bolivia-Brazil gas pipeline". Reuters. March 14, 2022.